O que vem depois do esgotamento?

Eu tenho 21 anos e sou uma velha. Uma velha chata, reclamona, insatisfeita, frustrada, cansada, desanimada e com poucas perspectivas de melhora. Quem diz que é só correr atrás do prejuízo, para de alguma forma tentar se sentir confortável e minimamente entrosado no contexto geral, deveria ser empalado e ter a língua cortada fora para jamais falar merdas inconvenientes.

Não que pessoas otimistas sejam de alguma forma insuportáveis, mas são no mínimo, irritante de vez quando. Principalmente quando você está na bosta, tem motivo para estar na bosta e fica com alguém fungando no seu pescoço e dizendo coisas como "Isso não importa"; "Tudo passa"; "Dê tempo ao tempo e tudo de acalmará"; quero dizer, clichês cretinos são bastante válidos, mesmo porque representam nada além da verdade (é de se deduzir que a repetição dos acontecimentos culmina em um clichê e assim a vida continua repleta de clichês até aparecer um outro que quebre a regra, embora mesmo assim continue sendo uma regra e etc etc etc).

Eu deveria estar fazendo algo para o meu bem agora (lendo Odisséia), mas estou aqui digitando essas porcarias, porque eu estou tão cansada que minha vida se tornou um grande exercício de procrastinação. Tudo que eu puder fazer para evitar fazer uma outra coisa, eu farei. E assim como você, eu me pergunto: "E daí?".

Eu queria ganhar uma passagem para longe (de preferência onde tenha neve), e ficar lá por alguns momentos, sentada em um banco de praça morrendo de frio e pensando em coisas que eu não deveria pensar. Porque fazer isso aqui está muito sem-graça. Estar aqui está se tornando um árduo processo de auto-flagelação. Estar aqui está me deixando doente. Estar aqui está prejudicando tudo o que eu sou e me deixando uma pessoa amarga. Triste. Cheia de angústia e futuramente irrelacionável.

Eu quero ir embora. Eu quero passar por isso em outro lugar.