Espirituosismo precoce

Quem pensa que as crianças de hoje são retardadas, está meio certo e meio errado. Digamos que alguns infantos estejam pendurados pela gola entre a esperteza e a falta de inteligência (mais preguiça que falta de inteligência, por assim dizer).

Há um mês e pouco eu comecei a dar aula numa casa de reforço. O que isso significa para mim não vem ao caso, mesmo porque eu usarei esse fato para expor uma situação deveras embaraçosa. Nessa casa de reforço, a incidência de garotos é maior que de garotas. Acho que esse fato pode ser explicado pela natureza perversa e distraída dos garotos.

O caso é que é muito interessante acompanhar o desenvolver dessas criaturas diabólicas e doces. E mais ainda, é acompanhar a puberdade à flor-da-pele e os comentários mais inóspitos e sem condições do mundo.

Num dia desses eu estava explicando aparelho sexual feminino e um dos alunos começou a falar de forró. Sentindo que eu ia acabar sendo vítima de uma pergunta hora ou outra, já comecei a me preparar psicologicamente para o que poderia acontecer. UFA! por não ter sido tão tenso assim.

No frigir dos ovos, um aluno vira para mim e pergunta:

"- Fessôra, tu gosta de forró não gosta? Porque assim... todo mundo gosta. Aquele contato físico, aquela coisa... Diz aí! Um forrozinho é bão, né?"

Eu com cara de bunda:

"- Eu odeio forró, meu filho! Acho um saco aquele estilo de música e eu estou para a dança como um tijolo...."

O aluno estupendamente inconformado:

"- CREEEEEEDO, FESSÔRA!!!!! Como é que você faz para arrumar namorado então!?!"

E esses são os hominhos do futuro.